quinta-feira, 20 de setembro de 2007

O gol e o jogo do ano

Há três semanas Nottingham Forrest e Leicester City jogaram pela segunda rodada da Carling Cup, que, se não me engano, é a segunda em importância na Inglaterra. O Forest vencia por 1 a 0 quando o zagueiro Clive Clark, do Leicester, sofreu um ataque cardíaco. Em vez de uma substituição corriqueira, a situação delicada e chocante gerou um ato de extrema nobreza por parte do Nottingham Forest: permitiu que o jogo fosse interrompido e uma nova partida fosse marcada.

Pelas leis britânicas, o jogo, que foi realizado na terça-feira, dia 18/9, recomeçaria em 0 a 0 e o Forest, evidentemente, seria prejudicado. Antes do jogo, porém, as equipes entraram em um acordo e assim que a bola rolou, Paul Smith, goleiro do Notingham, sem ser incomodado por quaisquer adversários, conduziu a boa até o gol adversário e colocou no placar a vantagem de 1 a 0, fazendo, assim, com que o jogo 'reiniciasse' como tinha sido interrompido.

O goleiro Paul Smith foi o escolhido para evitar polêmica sobre apostas (lá apostam também nos autores dos gols). O Leicester acabou virando o jogo e se classificando para a terceira fase da competição, mas isso é o que menos importa. O zagueiro passa bem e se recupera no hospital.

Generosidade, gentileza, compreensão, gratidão, educação, fidalguia e, para usar o idioma deles, fair play. Emocionante, tocante. Isso faz falta no esporte, nas relações interpessoais, profissionais. E no mundo.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Uma verdade incontestável


Madrugada dessas, a famigerada 'zapeada' me colocou de frente para o irresistível: o filme "Um Sonho de Liberdade" (a foto ao lado é a da capa do DVD). É o filme que mais gosto e, como normalmente faço quando aquilo que não consigo resistir aparece, não resisti. Adoro ver, ler e ouvir novamente coisas que me agradam. Para mim funciona como se eu fosse ouvir, ler ou ver algo novo naquilo que se repete aos meus olhos ou ouvidos. Vez por outra isso de fato acontece...e, quando acontece,... pois bem...aqui estou, né...pra contar.

Lá 'pelas tantas' do filme, o personagem principal (um banqueiro preso injustamente, acusado de ter assassinado a mulher), à altura já meio que um 'líder intelectual' dos presidiários, está na sala onde funcionam os auto-falantes da penitenciária. O guarda que toma conta dele vai ao banheiro e, sem titubear, o protagonista põe uma ópera no sistema de som para que os companheiros, que tomavam banho de sol, ouvirem junto com ele. Tranca a porta do banheiro por fora, coloca fones no ouvido e só sai de lá carregado, direto para a solitária. Antes disso, aparecem na tela os rostos dos presos, incrédulos, inebriados, hipnotizados pela beleza do som que não ouviam há tempos.

Quando volta ao convívio dos colegas, além dos agradecimentos naturais, ouve um "dessa vez você passou um tempão na solitária hein...." Eis a resposta: "Sim, é verdade. Mas eu não estava sozinho. Mozart, Bach, Bethoven, todos me fizeram companhia. Estavam dentro de mim. Música é como nossos sonhos e nosso desejo de liberdade. Podem nos tirar tudo aqui dentro desses muros. Menos isso".

O belo discurso foi o que me tocou mais nesse filme dessa vez. Não encontro exatamente as palavras certas para descrever o quanto acredito no que disse "Andy Dufresne", o protagonista, interpretado por Tim Robins, mas afirmo, sem medo algum de errar, que não há um só momento da minha vida sem uma música, duas, ou uma trilha sonora inteira. Por amostragem e já ciente do quanto vou me martirizar por não colocar 'esta ou aquela' música, uma lista rápida: "Metal contra as nuvens" (e nossa história não estará pelo avesso assim, sem final feliz...), "Condicional" (e alguma coisa a gente tem que amar, mas o que eu não sei mais), Stay (a música que mais ouvi repetidamente, não coloco quantas vezes pq NINGUÉM acreditaria), Don't look back in anger (Não olhar para trás com raiva, ódio, etc, é NECESSÁRIO e saudável. E só olho para trás com 'a saudade que gosto de ter' da lembrança dessa música), Disneylândia (Um 'lado B' imperdível dos Titãs sobre...ah...vá lá...globalização), Por você (eu faria aquilo tudo mesmo e muito mais, não tenha a menor dúvida!), Sweet child o'mine (O SOLO, a letra nostálgica...), Vilarejo (Eu quero morar nessa música), Perfeita simetria (teu maior defeito talvez seja a perfeição)...enfim..pouco importa quantas e quais estão ou deveriam estar aqui nessa listinha, até porque é particular ao extremo e daqui a um centésimo de segundo ela não seria a mesma caso eu a tentasse fazer novamente.

Acredito realmente que algumas coisas nada nem ninguém nos tira. Sentimentos e sensações, atuais ou não, até porque não devemos 'satisfação' ao que outrora nos agradou e hoje não mais. Valeu naquele dia, minuto. Então valeu! Voltando à música, por mais que os males do corpo, da alma e do ser humano alheio nos adoeçam, irritem, revoltem, eu a vejo, além de obviamente como diversão (é solução SIM), como uma espécie de fuga para um lugar, dia, momento, etc...que está registrado daquela forma apenas na NOSSA lembrança por mais que esta inclua outras pessoas. E não é só a letra, senão esse texto seria sobre poesia. O som em si, que nos faz 'cantar' o que não sabemos, dançar, sentir 'a vibe', ter a sensação de que os graves 'batem dentro de você na pista'...essas apresentam um outro 'milagre': encantam por 'só serem...existirem'.

Música é a liberdade que teremos para sempre dentro de nós. E ser livre, como já cantou alguém, 'ser livre é coisa muito séria'. Fotografia é o instantâneo que não se repete (dá-lhe RL!). E a música é a viagem que faz o instantâneo se repetir dentro de nós.

terça-feira, 31 de julho de 2007

Texto sobre...




Deu medo de começar a escrever. Todas as outras vezes eu entrava no publicador já com 'uma câmera na mão e uma idéia na cabeça' (nada de câmera, mas o slogan, sei lá de que campanha, foi irresistível). Pois bem, a idéia pulsava e praticamente se materializava em letra, palavra, frase, oração, período, parágrafo, texto. Tempos de Pan, inspirações diárias sobre o que necessariamente envolvia esporte.
Faltou a redenção da Jade da ginástica, a luz 'inofuscável' (sic, argh!) do Diego, a barreira intransponível para o vôlei feminino e a experiência de pela primeira vez ter ouvido uma torcida pedir um drible em coro. "Lambreta, lambreta, lambreta"...pro Falcão, do futsal. Agora não falta mais.

Desta vez, não há tema que me faça 'sair escrevendo', como que psicografando meu próprio pensamento. E aí, escrever sobre o que? Sobre a ausência do que ter para escrever? Idéia pouco original e quase uma confissão de alienação completa. Ok...esse 'pessoalzinho' que trabalha com esporte não pensa em mais nada. Pois é..mas a minha 'vingança' foi ouvir...'esse Saretta faz o que?', 'aquela grande da ginástica também é boa (Laís)', 'tem alguém bom no futsal?'. Além do mais, Ricardos Linhares, assim, no plural (embora sejam pouquíssimos meu otimismo incurável me faz acreditar serem mais de um) estão aí para, vivos, saberem qual é a única bandeira do mundo que só tem uma cor. Aliás, obrigado para sempre Ricardo.
De fato, essa 'competiçãozinha menor', 'sem grande importância a não ser para 'vender a imagem do Brasil' lá fora para conseguirmos sediar Copa e Olimpíada' acabou e...se a mídia maçante, cansativa e ávida por um 'chorinho a mais, um close ou flash em um rosto emocionado' ainda não fez com que ela deixasse um vazio, pelo menos ficou um silêncio.

O povo do Rio, que vaiou americanos no começo e aplaudiu argentinos no fim, entrou na onda, viveu essa energia e agora parece olhar com uma cara de pergunta...E agora? Em que lugar colocamos essa energia toda? Uma resposta?
Eu não sei. Tambem sou daqui, também desviei caminhos, também me perdi no Riocentro, também não entendi nada de alguns esportes, também fiquei feliz pelo Marcelinho do volei, também gostei da redenção da Maurren e me assustei com os gritos do Jadel, também achei que o Franck Caldeira desabaria após cruzar a linha de chegada da maratona e, confesso, também achava que 'não seria lá essas coisas'. Errar é bom. Foi várias coisas a mais. Foi tão ótimo que o mundo continua girando, novas competições sendo disputadas e segue a sensação de 'acabou, o tema se esgotou, vai ficar chato seguir escrevendo sobre isso'...mas o que escrever no parágrafo abaixo?

Já sei. Foi bom demais enquanto durou, está sendo ótimo lembrarmos. Depois tem mais, mas agora acabou. Fim.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

De onde vem a calma


Corria o jogo da seleção brasileira masculina de vôlei no Maracanãzinho, nesta quarta-feira. Reservas em quadra, México se 'esgoelando' para forçar uma mínima resistência (sem conseguir), ginásio lotado, em clima de catarse coletiva a cada ponto ou nas raras vezes em que o atacante Giba, o Giovane da vez (se vc tem menos de 20 anos coloque 'Giovane Gávio' em um site de buscas) foi chamado a entrar em quadra e...bem...e o senhor da foto acima dormia. Fui chamado ao fato pelo colega e amigo Henrique Dias (inventor da diplomacia, Henrique é capaz de destratar uma pessoa e esta agradecê-lo, pensando ser elogiada). Com uma ajuda do 'supracitado imediatamente acima' (sic), focalizei o dorminhoco, que tinha em sua expressão uma calma como se o sono fosse alimentado e jamais atrapalhado por apitos, gritos, pelo animador de auditório (q, torço, ficará afônico antes da final e deixará a torcida agir por si só)e pelos berros do técnico Bernardinho, que, juro, davam para ser ouvidos mesmo com a casa cheia e escandalosa.


Debochei, dei boas risadas, apontei e até pouco tempo atrás não tinha conseguido entender o sono. Lembrei das pessoas que me pediram ingressos e me disseram desejar estar ali pra ver qq jogo desse timaço. Quase odiei o velhinho por ocupar, dormindo, um lugar q outros mal sentariam tamanha excitação a cada mergulho do Escadinha, ataque do Samuel (jogaram os reservas) ou bloqueio do Gustavo e do Rodrigão (esses dois somados, aliás, dão bem mais que dois).


Já prestes a começar a escrever, eis que me vem "De onde vem a calma, daquele cara?". A estrofe em forma de pergunta é a primeira de uma música da banda carioca Los Hermanos (De onde vem a calma, CD Ventura). E...então, de onde vem a calma daquele senhor? Da quadra. Das boladas no chão, nos adversários, das levantadas, dos bloqueios, dos pitis do treinador, de cada ponto, vitória e título. Aquele ancião tirando um cochilo, encostando, esticando a carcaça, tirando uma pestana enquanto a seleção vencia era a imagem da tranqüilidade que esse time passa ao público. Em plena 'crise Ricardinho odeia Bernardinho e vice-versa' precisou de um jogo 'mais ou menos' contra o Canadá para em seguida jogar muito contra Cuba e hoje....'chegar e vencer' o México. Simples assim. Com a naturalidade de quem tira um cochilo após o almoço.


Após o jogo cruzei com o representante da 'melhor idade' (como eu DETESTO esse termo!). De pé, acordado, bem disposto, como se acordasse de um sonho bom. Conversava e desfrutava da vitória como se fosse dela o espectador mais atento. De fato, não é preciso ver esse time, essa geração que parece jogar e vencer de olhos fechados. Serão campeões novamente? Vacilarão contra a Venezuela assim como em Santo Domingo-2003? A crise Ricardinho-Bernardinho é o início do fim desse ciclo vitorioso? Darão show ou jogarão pro gasto? Não importa. Sou dos que acredita que entrar em campo, em quadra, na piscina, no tatame ou seja lá onde for praticado o esporte e jogar, nadar ou lutar bem, honrar o lado lúdico do esporte é o que vale, no fim das contas. Esse time ganhou Mundial, Olimpíada, Liga Mundial e mais uns 'três continentes a sua escolha' (se vc nunca jogou War, não teve ou não está tendo adolescência). Mais que títulos, porém, reinventou o jeito de jogar vôlei. Em 1992 a seleção de basquete dos Estados Unidos na Olimpíada de Barcelona foi formada por 11 astros da NBA. Michael Jordan, Larry Bird e Magic Johnson eram os gênios que comandavam outros craques. Nestes mesmos Jogos a seleção brasileira masculina de vôlei tinha a seguinte ordem de saque: Maurício, Tande, Carlão, Marcelo Negrão, Giovane e Paulão. Eu achei q tinha visto, nestas duas equipes, o que poderia existir de melhor em esportes coletivos (incluindo times de futebol). Estava errado. Graças a Giba, Ricardinho (o melhor jogador de vôlei que já vi), Dante, Gustavo, Anderson, André Eller, André Nascimento, Marcelinho, Serginho, Rodrigão, Murilo, Nalbert...base de um time comandado pelo insaciável, irascível e compulsivo Bernardo Rezende, que só não é nota 1000 porque cortou o Ricardinho.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

O caos 'do bem'


No pavilhão 'qualquer coisa +n fatorial' do Rio Centro ou Riocentro (Junto ou separado? Ainda não sei, mas achei junto mais parecido com o que já li...sei lá! "A dúvida é o preço da pureza e é inútil ter certeza", disse certo compositor gaúcho), local das competições de judô, os juizes erraram ao punir a brasileira Erika Miranda na 'prorrogação com gol de ouro' (tem jeito melhor de explicar o Golden Score?) e deram a vitória a uma cubana. Protestos na arquibancada e um objeto atinge outra filha ilustre da Ilha, a craque Regla Torres, ex-jogadora de volei, que integrou a geração que venceu as brasileiras em Mundiais, Olimpíadas e mais uma competição a sua escolha...Torres reagiu e começou uma pancadaria que envolveu delegações, torcedores, guarda municipal (aqueles guardinhas, não é meu caro Raul Lopes? (piada interna, ou melhor, da área externa da Vila do Pan)), Força Nacional de Segurança, um cachorro que tava solto e quase me matou de susto quinta-feira à noite, quando eu caminhava sozinho, com as baterias do celular, mp3 player e câmera fotográfica descarregadas (achei q seria abduzido, mas me lembro como achei bonita a lua minguante em forma de sorriso) por um dos 4 mil gramados idênticos do Rioc...ou Rio Cen...(ainda não sei, mas tenho certeza de que aquele lugar foi feito pras pessoas se perderem!) e pensei q em certo momento Lula e Fidel Castro apareceriam no tatame de quimono (Lula vermelho e Fidel, verde) para resolverem a parada 'de uma vez por todas'. Confusão resolvida, eis que o público, ainda protestando, vira de costas para os tatames e se recusa a ver as lutas seguintes. Ato contínuo, canta à capela o hino nacional brasileiro enquanto tocava o cubano durante a cerimônia de premiação da cubana que 'venceu' Erika.


Eu reclamei do comportamento do público ao vaiar americanos e ainda tô 'meio chocado' com a frieza dos "fanáticos por vôlei" teleguiados da final do torneio feminino de volei (E AINDA QUERO MATAR O ANIMADOR DE VELÓRIO contratado para falar coisas como 'Solta o som dj', 'vamos fazer uma hola galera' e 'levantem e batam palmas, vai, lenatem só um pouquinho'). Mas o domingo me deixou feliz. Sou daqueles que revêem as imagens da semifinal de (Atlanta ou Sidney?) torcendo para, nem que seja no videotape, Ana Moser ou Márcia Fu chutem e soquem pelo menos uma 'cubanazinha'. Fair play é ótimo até te acertarem uma lata na cabeça ou roubarem um trabalho de anos, a realização de um sonho, a conclusão de um objetivo. O caos, em certas ocasiões, é absoutamente necessário e benéfico. O objeto que não foi jogado na Regla Torres mas acabou por acertá-la é o tapa de uma brasileira revoltada por ouvir tanto 'salta chica' (como cubanos e cubanas costumam provocar o bloqueio brasileiro após acertar um ataque sobre ele). O público virado de costas teve a violência de um estrangulamento e a precisão de um ippon. Nenhum golpe poderia ser mais definitivo ou consagrador. O silêncio do 'nós não queremos ver esse vexame' foi tão ensurdecedor quanto o hino cantado em altos brados. A rebeldia dos torcedores, de resultado que será julgado como inútil, deselegante e exagerado pelos que defendem a desumanização do esporte e, mais, dos humanos, tatuou uma medalha no peito, ou melhor, no coração de Érika. Bronze, prata e ouro, após sei lá quantos milhões de anos, se desintegrarão. Emoções como a que a judoca brasileira, chorando copiosamente, sentiu no pódio, são fotografias mágicas da alma. E "fotografia é o instantâneo que não se repete". Raul Lopes é um frasista dos bons.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

"A banalização da vaia"


"Eis o melhor e o pior de mim..." As primeiras palavras da música 'Infinito particular', do CD mais recente da Marisa Monte (parêntese! Deste CD não morra nem siga vivendo sem ouvir "Vilarejo") ilustram bem minhas primeiras impressões do 'além do que se vê' do Rio 2007. Uma bela festa de abertura, uma cidade linda, instalações modernas, sujeira devidamente sob o tapete e...e aí aquilo q é tão admirado quanto nossas belezas naturais falha. A hospitalidade e gentileza do povo. Mais especificamente do torcedor. Mais ainda contra os americanos. Tudo bem...vá lá...o débil mental escreveu "Welcome to Congo", o país é governado por um assassino. Mas quem veio representar os 'united states' aqui não são um bando de 'ianques racistas e matadores de texanos'. São jovens americanos, como os nossos. Cheios de sonhos, como os nossos. E seres humanos, como todos nós. E estão sendo vaiados, xingados em todas as linguas, inclusive na deles.

Os rapazes da foto são Stoulfos e Looming. Jogam vôlei de praia e foram vítimas de um calvário em Copacabana. Enfrentaram uma dupla venezuelana q ofereceu menos resistência do que os 'pseudoxenófobos' da arquibancada. Porque filmam, porque virou moda, porque querem mostrar que falam inglês ou porque sabe-se lá porque vaiaram e ofenderam os atletas durante a cerca de uma hora q eles demoraram para vencer os adversários. A cada erro, um aplauso, a cada acerto, uma vaia. A cada momento de concentração antes do saque, o grito de "Chavez, Chavez". Sim...aquele mesmo da Venezuela, q deve ter bebido na mesma fonte que o nosso ex-governador, aquele monstro híbrido e andrógino q por aqui implantou e aperfeiçoou o caos durante oito anos. Aquele mesmo da Venezuela que vive a dizer insanidades só pelo 'prazer de ofender uma nação'. Aquele que, coisa q os imbecis da vaia burra provavelmente não sabem, andou dizendo umas e outras para o presidente Lula (o q mereceu as vaias inteligentes do Maracanã).

É a segunda de muitas vezes que vou citar Nelson Rodrigues aqui. Desta vez o faço para lembrar uma frase que ele disse após chocar o público com mais uma peça 'à frente do seu tempo'. "O que importa mesmo para um dramaturgo é a vaia. Apupos consagram mais do que aplausos". Pois bem, cinqüenta anos depois da máxima do "Anjo Pornográfico", estamos assistindo em silêncio (ou, quem sabe, mesmo que baixinho, vaiando) a banalização da vaia.

Não considero Pena, dó ou qualquer outro sinônimo que exista, um sentimento nobre. Quando os americanos chegaram à zona mista (local de entrevistas) esbanjando simpatia, honestamente fui acometido de uma certa pena daqueles rapazes que, minutos após serem considerados culpados como se tivessem incentivado o "Welcome to Congo", distribuiam sorrisos e piadinhas para as meninas brasileiras e se colocavam à disposição dos brasileiros para conversar por quanto tempo fosse necessário. Uma frase de Loomis, porém, me trouxe de volta ao sentimento certo para cada qual. Torcida e atletas.

"Jogar sendo vaiado não foi legal. Esperava por isso apenas contra as duplas brasileiras. Mas quem está na arquibancada tem direito de escolher alguém para torcer. Pelo menos nos intervalos dançamos juntos ao som de Michael Jackson e outros ídolos americanos".

Pasmem. Os 'anti-americanos' da vaia burra se esbaldavam com a música da terra do Tio Sam a cada pedido de tempo, fim de set ou mudança de quadra. Dizer mais o que????

"...and I will try, to fix you"...

terça-feira, 17 de julho de 2007

O Canadá


Estas são as meninas do handebol feminino do Canadá. Disputam medalha? Não. Jogam bem? Não? Então estão aqui pq são loiras? hummm...tamb...ops, não, não saio por aí 'me encantando' por qualquer loira! Entram no primeiro post deste blog porque fazem parte da série "coisas que eu nunca achei que veria".
A seleção brasileira masculina massacrou o Canadá, mas o que mais me impressionou foi o 'espírito esportivo' dessas 'torcedoras'. Placar contra aumentando e a animação delas também. Cheguei à quadra no intervalo do jogo, vindo de uma maratona de beisebol q conto mais adiante e as encontrei 'dançando samba'. Começa a segunda etapa, o Brasil deslancha no placar, vem a 'ola' e...pronto. O jogo pra mim acabou ali. Encantadas, elas se dividiram entre torcer e ensaiar uma 'ola' particular que começa a chamar ateção da arquibancada mais próxima que começa a acompanhá-las que se empolgam mais ainda que empolgam mais ainda um público cada vez maior e então dá-se a magia: Elas iniciam uma 'ola' que passa por todo o ginásio. Duas vezes.
O jogo? ah...o jogo...Brasil 31 x 12 Canadá. Na frieza dos números.
Escrevi mais acima que as canadenses foram o que de melhor aconteceu 'durante' o jogo porque após a partida, quando eu não esperava ver nada mais gentil e simpárico do que a festa delas, novamente me surpreendi. Cheguei à sala da coletiva, logo em seguida chegaram o técnico e o capitão da seleção canadense. E esperamos. E esperamos. E chegou o técnico e o goleiro brasileiro. E esperamos. Depois de uns 10min, chegou o tradutor de francês (eram 'candadenses do lado francês' o atleta e o treinador), se desculpou, disse que começaria coletiva pelos visitantes e aí, após tomarem uma lavada e esperarem 15min para começarem a falar...
Mohammed (treinador): "Antes de tudo quero dizer que estou realmente impressionado de forma positiva com as instalações, a organização e qualidade destes jogos. Quanto ao povo brasileiro, tinha as melhores impressões, mas minhas expectativas foram todas superadas. Quanto ao que aconteceu no ginásio, hoje sou um homem invejoso. No meu país jamais vi uma quadra tão cheia para um jogo de handebol. E em qualquer outro lugar do mundo nunca pude ver um público tão animado. Fizemos o que pudemos contra uma seleção que, confesso, não acreditava ter potencial para chegar além do bronze, mas hoje, pelo jogo maravilhoso apresentado e pela força desse público contagiante, tenho certeza que brigará pelo ouro".

Max Godin: (capitão): "Eu nunca mais vou esquecer esse jogo. Pela primeira vez não consegui conversar com meus companheiros durante uma partida. É claro que a torcida motivou mais os brasileiros, que jogaram muito bem. Mas confesso ter usado essa energia para me esforçar ainda mais e tentar apresentar o espetáculo de qualidade que cada torcedor que veio aqui merecia ver".

Chovia torrencialmente antes da coletiva. Os canadenses chegaram com os tênis molhados e protegidos pelo guarda-chuva e a gentileza de uma das organizadoras-voluntárias. É...jogar handebol parece de fato não ser o forte deles. Mas devem ter inventado a diplomacia.
Antes de tudo isso...frio, chuva e um esporte que eu não entendo. Tirando o almoço divertidíssimo com o Sr Antônio (motorista e filósofo contemporâneo) e o Raul (fotógrafo e melhor amigo de Murphy, aquele, da Lei), foram três horas olhando, olhando, olhando, perguntando e não entendendo absolutamente nada do que acontecia no campo. De positivo, a gentileza dos voluntários e organizadores (colocaram os melhores na instalação mais horrorosa q vi até agora. Lama pura e distâncias quilométricas) e umas fotos 'amplas'.
Nelson Rodrigues criou em suas crônicas esportivas uma personagem chamada 'Grã-fina das narinas de cadáver'. Ela freqüentava o Maracanã apenas por 'esporte boêmio', para ver e ser vista. E não entendia nada de futebol. Passava vergonha quando, aos 30 do segundo tempo, perguntava: "Quem é a bola?". Pois bem...sou a 'grã-fina das narinas de cadáver' do beisebol.
Definitivamente existe algo mais difícil de entender do que física.