Deu medo de começar a escrever. Todas as outras vezes eu entrava no publicador já com 'uma câmera na mão e uma idéia na cabeça' (nada de câmera, mas o slogan, sei lá de que campanha, foi irresistível). Pois bem, a idéia pulsava e praticamente se materializava em letra, palavra, frase, oração, período, parágrafo, texto. Tempos de Pan, inspirações diárias sobre o que necessariamente envolvia esporte.
Faltou a redenção da Jade da ginástica, a luz 'inofuscável' (sic, argh!) do Diego, a barreira intransponível para o vôlei feminino e a experiência de pela primeira vez ter ouvido uma torcida pedir um drible em coro. "Lambreta, lambreta, lambreta"...pro Falcão, do futsal. Agora não falta mais.
Desta vez, não há tema que me faça 'sair escrevendo', como que psicografando meu próprio pensamento. E aí, escrever sobre o que? Sobre a ausência do que ter para escrever? Idéia pouco original e quase uma confissão de alienação completa. Ok...esse 'pessoalzinho' que trabalha com esporte não pensa em mais nada. Pois é..mas a minha 'vingança' foi ouvir...'esse Saretta faz o que?', 'aquela grande da ginástica também é boa (Laís)', 'tem alguém bom no futsal?'. Além do mais, Ricardos Linhares, assim, no plural (embora sejam pouquíssimos meu otimismo incurável me faz acreditar serem mais de um) estão aí para, vivos, saberem qual é a única bandeira do mundo que só tem uma cor. Aliás, obrigado para sempre Ricardo.
De fato, essa 'competiçãozinha menor', 'sem grande importância a não ser para 'vender a imagem do Brasil' lá fora para conseguirmos sediar Copa e Olimpíada' acabou e...se a mídia maçante, cansativa e ávida por um 'chorinho a mais, um close ou flash em um rosto emocionado' ainda não fez com que ela deixasse um vazio, pelo menos ficou um silêncio.
O povo do Rio, que vaiou americanos no começo e aplaudiu argentinos no fim, entrou na onda, viveu essa energia e agora parece olhar com uma cara de pergunta...E agora? Em que lugar colocamos essa energia toda? Uma resposta?
Eu não sei. Tambem sou daqui, também desviei caminhos, também me perdi no Riocentro, também não entendi nada de alguns esportes, também fiquei feliz pelo Marcelinho do volei, também gostei da redenção da Maurren e me assustei com os gritos do Jadel, também achei que o Franck Caldeira desabaria após cruzar a linha de chegada da maratona e, confesso, também achava que 'não seria lá essas coisas'. Errar é bom. Foi várias coisas a mais. Foi tão ótimo que o mundo continua girando, novas competições sendo disputadas e segue a sensação de 'acabou, o tema se esgotou, vai ficar chato seguir escrevendo sobre isso'...mas o que escrever no parágrafo abaixo?
Já sei. Foi bom demais enquanto durou, está sendo ótimo lembrarmos. Depois tem mais, mas agora acabou. Fim.